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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Cardeal Burke: Quando for insultado por defender a verdade, ‘devote-se mais fortemente’ à Igreja

Por: Lisa Bourne, 19 de dezembro de 2016
Tradução: Traditio Catholicae
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Cardeal Raymond Burke em entrevista à correspondente do LifeSiteNews em Paris, Jeanne Smits, em Roma
(Olivier Figueras/LifeSiteNews)
19 de dezembro de 2016 (LifeSiteNews) - Quando os católicos que procuram permanecer fiéis aos ensinamentos perenes da Igreja ouvem um Papa chamá-los de "rígidos" ou "fundamentalistas" ou "egoístas", eles não devem ficar intimidados ou desanimados, mas aderir mais fortemente aos ensinamentos da fé, disse o Cardeal Raymond Burke em uma entrevista exclusiva por telefone ao LifeSiteNews no fim de semana.

"Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, [que está] vivo na Sua Igreja, nos seus ensinamentos, na sua sagrada liturgia, na sua vida de oração e na sua disciplina, como os que nos foram transmitidos numa linha ininterrupta desde os tempos apostólicos. E, embora essas declarações sejam muito dolorosas, e eu entendo isso, temos que nos elevar acima desses sentimentos de mágoa e aderir cada vez mais fortemente ao que a Igreja ensina, à sua liturgia sagrada, à nossa vida de oração e devoção e a essa disciplina que protege e promove a nossa vida em Cristo ", disse ele.

As frequentes e fortes críticas do Papa Francisco aos fiéis resultaram em uma compilação chamada "The Pope Francis Little Book of Insults" ("O Pequeno Livro de Insultos do Papa Francisco", na tradução literal), um projeto com mais de 100 inscrições e que cresce semanalmente.

Os frequentes comentários levaram ao editor do First Things, Matthew Schmitz, a escrever em outubro no New York Times que o Papa "construiu sua popularidade à custa da igreja que lidera".

“Tais denúncias desmoralizam os fiéis católicos sem dar aos descontentes qualquer razão para retribuir", escreveu na época.

Burke, que é o patrono da Ordem Soberana Militar de Malta, disse que os fiéis católicos não devem ser desencorajados pelos insultos.

“Eu encorajo os fiéis a não se desencorajarem, a não se deixarem de alguma forma intimidar por esses tipos de declarações, pois eles conhecem Nosso Senhor em Sua Igreja e têm bons guias espirituais para mantê-los próximos de Nosso Senhor. E, portanto, estudando a fé e entrando o mais plenamente possível na vida litúrgica da Igreja, e esforçando-se por levar uma vida disciplinada pela fé, eles permanecerão fortes”, disse ele.

Quando perguntado sobre o que os pais devem fazer quando seus filhos ouvem um Papa dizendo algo que parece estar em desacordo com o que a Igreja ensina, Burke disse que eles devem intervir simplesmente afirmando o que a Igreja sempre ensinou e praticou.

“Temos de fazer uma distinção entre duas vozes ou dois corpos da pessoa que é Papa. A única voz, o único corpo, é a do Vigário de Cristo na terra. E aquela voz que ouvimos quando o Papa anuncia o que a Igreja sempre ensinou e praticou, promove ou nos ajuda a compreendê-la e aplicá-la em nossas vidas diárias. A outra voz, o outro corpo, é a do homem, que pode ter muitos pensamentos e fazer muitas declarações, que não estão relacionadas de modo algum, com o exercício do ofício de Pedro”.

“Assim, quando o Papa parece dizer coisas contrárias aos ensinamentos da Igreja, então não é razoável, nem é uma expressão de fé, agarrar-se a esse tipo de afirmações como se fossem um exercício do magistério papal. E desta forma, os pais podem ajudar os seus filhos a peneirar o que é o coração da fé, o que é aquele único ensinamento - único sacramento - única disciplina, que é a nossa vida em Cristo - de outras declarações ou escritos que não são uma expressão daquela fé e vida sacramental e disciplina", disse ele.

O Cardeal enfatizou que os católicos devem aprender e viver "ensinamentos seguros", como os encontrados em documentos da Igreja como Familiaris Consortio ou Veritatis Splendor.

"É importante então dar testemunho desses ensinamentos, expressá-los, conhecê-los nós mesmos e simplesmente dizer: ‘Mas isto é o que a Igreja ensina’, não importa o que a mídia ou os outros estejam dizendo, ou mesmo se algumas citações do próprio papa pareçam dizer o contrário”, disse ele.

Quando questionado se um clima de medo em Roma está intimidando outros prelados a apoiarem a dubia que ele e outros três cardeais submeteram ao Papa para perguntar se Amoris Laetitia está em conformidade com o ensino moral católico, Burke respondeu que os números não são importantes, mas a verdade.

“Não posso falar pelos outros em relação a uma possível atmosfera de medo, tudo o que posso dizer é que para mim, sei qual é meu dever como bispo e acima de tudo como cardeal, que é um dos princípios dos conselheiros do Santo Padre em seu ofício de preservar e promover a grande tradição da fé, e que tal medo e tal intimidação, como pode existir de tempos em tempos, simplesmente não pode ser uma consideração em relação ao que eu preciso fazer."

O Cardeal contou o exemplo de São João Fisher na Inglaterra durante o reinado de Henrique VIII, que foi o único bispo que sustentou a verdade da fé em relação ao casamento.

"Alguns obviamente tentaram desencorajá-lo a fazer isso, apontando que ele era o único. E ele respondeu corretamente que mesmo se fosse o único, o importante seria apenas que ele estava falando por Cristo e cumprindo seu dever como bispo", disse ele.

O cardeal Burke exortou os católicos a não apenas estudarem a fé, mas também a participarem da vida litúrgica da Igreja, dizendo que com isto permanecerão fortes.

Ele disse que, embora estes sejam tempos muito difíceis, a próxima celebração da Natividade do Senhor "deve nos dar uma nova alegria e uma nova coragem em ser testemunhas fiéis de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a nossa única salvação", e expressou desejos de que a vinda do Senhor assegure os fiéis em Seu amor.

"Sabemos que nossa salvação é encontrada apenas em Jesus Cristo, que está vivo para nós em Sua Santa Igreja", disse o Cardeal Burke. "E assim, devemos nos alegrar com essa realidade objetiva".

"Não é uma ideia, não é um ideal; é uma realidade", acrescentou. "E assim desejo a todos os fiéis uma celebração muito abençoada da Natividade do Senhor e que esta celebração anual confirme a todos os fiéis em seu conhecimento, amor e serviço de Nosso Salvador Nosso Senhor Jesus Cristo em Sua única, santa, católica e apostólica Igreja".

Nota do editor: Pete Baklinski também contribuiu para esta reportagem.

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